LUTO SIMBÓLICO EM COMER, REZAR, AMAR: LEITURA PSICOLÓGICA DAS MANIFESTAÇÕES DA PERDA

Resumo

Este artigo tem como objetivo estabelecer uma relação entre o cinema e a psicologia, considerando modalidades de lutos não reconhecidos, especialmente o término de relacionamentos e a fragilidade diante das perdas, como apresentado no filme Comer, Rezar, Amar. Fundamenta-se em teorias atuais que abordam o processo do luto em diferentes etapas, além de analisar diferentes conteúdos emotivos representados em formato audiovisual, a fim de compreender de que forma o luto simbólico é representado pela linguagem cinematográfica e pela psicologia. Trata-se de um estudo de caso com análise qualitativa de cenas, gestos, falas e outros componentes audiovisuais, que permitiu interpretar a evolução da protagonista desde a dor inicial até a cura. Foram identificadas três fases principais: a experiência inicial da perda (choque, negação e dor), a busca espiritual por ressignificação e equilíbrio emocional, e a reconstrução afetiva e social. Destacam-se ainda momentos de enfrentamento da perda e deslocamento, a continuidade da vida, o papel do apoio social e da ressignificação da vida. Como conclusão, a protagonista supera a dor e o sofrimento inicial através do autoconhecimento, para finalmente ser capaz de reconstruir-se emocionalmente e redescobrir o amor.

Descrição

O luto é definido como um sofrimento social motivado pela experiência de perda, é uma emoção compartilhada da existência humana. No entanto, o luto não está mais restrito à morte física de indivíduos significativos e pode ocorrer também no contexto de rupturas emocionais, ajustes de identidade e outros tipos de perda simbólica, conhecidas como luto simbólico. Este artigo pretende estabelecer uma conversa entre psicologia e cinema. Nas artes, o cinema contemporâneo surge como um local privilegiado para a expressão da resposta afetiva por parte do sujeito à experiência de luto, projetando a vida invisível do afeto humano e exercendo um papel pedagógico em termos de desenvolver empatia e possibilitar capacidades de reflexão. Nesse sentido, a questão norteadora deste trabalho é: em que medida os processos e dimensões do luto acompanham a jornada da personagem desenvolvida na narrativa cinematográfica. Assim, este artigo pretende identificar os sintomas de luto simbólico presentes no filme Comer, Rezar, Amar e entender as etapas de perda e recuperação. O objeto deste estudo é a narrativa cinematográfica: Comer, Rezar, Amar, de 2010, cuja personagem principal, Liz Gilbert, vê seu casamento desmoronar, um processo que segue estágios de oscilação entre perda e reconstrução emocional na personagem protagonista. O artigo consiste em buscar a necessidade de combinar modelos tradicionais com perspectivas mais contemporâneas, considerando os aspectos simbólicos do luto, que não o restringem à morte física de um ente querido. A relevância do filme analisado baseia-se nas possibilidades de estabelecer diálogos de multidisciplinaridade entre psicologia e cinema. Em relação à metodologia, este trabalho é de natureza qualitativa, tipo estudo de caso. Consiste na análise do filme sobre as expressões de simbolismo vividas pela protagonista, bem como as cenas, movimentos, cenário, comportamentos, diálogos e fragmentos musicais relacionados à protagonista, Liz. Assim, o simbolismo das ações relacionadas ao tempo de luto identificado para cada um dos psicólogos é estudado utilizando-se a análise de conteúdo, incluindo o objetivo de construção de um texto crítico, baseado na teoria da história, que aponta a veracidade dos sintomas.

Palavras-chave

luto simbólico, psicologia, cinema, análise fílmica

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